Sites reúnem ‘babás de pets’ que hospedam animais de outras pessoas

Sites reúnem ‘babás de pets’ que hospedam animais de outras pessoas

Perfis de anfitriões garantem atenção e carinho para o pet em tempo integral Donos pagam entre R$ 25 a R$ 45 por noite de hospedagem.

Quando chegam as férias, quem tem um animal de estimação sabe que a hospedagem do pet é um dilema porque nem sempre é possível leva-lo nas viagens. Uma modalidade de hospedagem que está ganhando a segurança dos donos é a ‘Pet sitter’. São famílias que se disponibilizam para cuidar dos animais enquanto você estiver viajando. Tem quem cuide de gato, cachorro, coelho e, se preferir, o anfitrião pode ir até a sua casa.

As “babás” em tempo integral prometem cuidar do seu animal como se ele fizesse parte da família e fazem de tudo para que ele não sinta saudades dos donos. O conforto e o fato do animal não ficar preso são atrativos neste tipo de hospedagem.

No Brasil, já é possível encontrar diversos sites com a finalidade de oferecer o serviço de babá dos pets. São perfis de cuidadores de gato, cachorro, coelho, pássaros, entre outros, que se candidatam para ficar com o pet e oferecem passeios diários, aplicação de medicação, se necessário, carinho da família, entre outros.

Os valores costumam ser mais baratos se comparado ao que é cobrado em canil especializado em hospedagem. Em média, o pet sitter, também conhecido como anfitrião, cobra entre R$ 25 a R$ 45 por noite.

Sergio Hernandes criou a PetHub que começou a funcionar em outubro de 2013 e atende todo Brasil. O site oferece os perfis de pessoas disponíveis para cuidar do seu animal quando você precisar. Já são quase 41 mil usuários e mais de 300 mil hospedagens feitas pelo site que também tem assistência veterinária de R$ 5 mil, caso ocorra alguma emergência durante o período em que o anfitrião ficar com o pet.

Foi num curso de administração na Califórnia que Fernando Gadotti, 31 anos, e outro sócio decidiram montar o site Dog Hero que também oferece opções de hospedagem em 180 cidades do Brasil. O site foi criado em 2014 e tem 3 mil anfitriões que recebem os pets em casa. “Muita gente fazia isso fora do Brasil e quando voltamos decidimos empreender”, disse Fernando.

Eduardo Baer e Fernando Gadotti são sócios do site DogHero (Foto: Arquivo Pessoal)

O anfitrião passa por uma entrevista antes de ter um perfil publicado no site e ele define o preço que vai cobrar por noite de hospedagem. O site fica com 25% do valor e também oferece reembolso de até R$ 5 mil para despesas veterinárias durante a hospedagem, caso seja necessário.

“O cliente pode fazer uma avaliação e a qualidade do perfil do anfitrião vai aumentando. A gente percebe que essas pessoas começam a cobrar um pouco mais quando estão bem avaliadas”, disse Fernando.

O criador do site também observou um aumento na procura de hospedagens em dezembro de 2015. “A gente percebeu que em dezembro teve uma demanda três vezes maior do que novembro. Em feriados, como o Carnaval, o pico também é bem grande”, disse o empresário.

‘Só é lar se tiver um animalzinho’

Maria do Socorro brinca com o rottweiler (Foto: Karina Godoy/G1)

Quem chega na casa da Maria do Socorro de Souza Ferreira, 52 anos, e professora de Ciências e Biologia, se depara com um rotweiller que só tem tamanho. “Ele é muito dócil”, tranquiliza a dona que brinca com o cachorro. Ao entrar na casa, mais animais. “Esse é um lorde”, disse Maria apontando para um pastor australiano chamado Robin que andava calmamente pela sala e era um dos hóspedes do dia.

Há pouco mais de 3 anos, Maria hospeda animais em casa enquanto os donos viajam. ”Já fazia isso informalmente quando algum amigo ou familiar precisava viajar, mas a hospedagem virou meu segundo emprego depois que publiquei meu perfil como anfitriã em um site. Desde que me entendo por gente sempre tive animais em casa. O lema da minha mãe era: um lar só é lar se tiver um animalzinho”, disse Maria.

No dia da entrevista, mais dois hospedes estavam no andar de cima da casa e um quarto cachorro brincava no quintal que vira hotel para pets na Zona Sul da cidade. Para acalmar os donos que ficam com saudade, Maria tem uma tática. “Sempre mando fotos, faço vídeos e digo se o cachorro comeu ou não, tudo para que o dono fique tranquilo. Faço um verdadeiro diário do pet”.

Maria do Socorro com o hóspede Freud da raça Lhasa Apso (Foto: Karina Godoy/G1)Maria do Socorro com o hóspede Freud da raça
Lhasa Apso (Foto: Karina Godoy/G1)

“É uma excelente renda extra e estou fazendo o que eu gosto, que é cuidar dos animais. E precisa toda a família gostar porque você vai trazer um animal para conviver alguns dias na sua casa. Aqui todo mundo é apaixonado”, afirma a professora e pet sitter.

Após as hospedagens, os donos de cães e gatos podem avaliar o trabalho do anfitrião no próprio site e os comentários positivos acabam aumentando a demanda de hospedes.

Na hora de ir embora, Maria diz que sempre dá saudade. “A gente se apega e dá saudade. Mas eles sempre voltam e acabamos fazendo amizade com os donos. É um laço de confiança”, comemora Maria que já está com reservas fechadas para o feriado de Carnaval.

‘Já tive hospede que virou morador oficial da casa’

A fisioterapeuta Milena Pagotto, 25 anos, conheceu o trabalho como pet sitter depois de precisar encontrar um local para hospedar os nove cães durante uma viagem que fez para o exterior. Foi por esse motivo que ela resolveu entrar nesse mercado de trabalho. “Fora do Brasil, a gente vê muito este tipo de hospedagem e quando voltei pra cá, fui procurar e encontrei o site”, disse Milena.

Para ela o mais atrativo neste serviço é o preço e a supervisão de alguém por 24 horas. “Adoramos a forma como funciona porque não tem gaiola, nada fechado e os cachorros ficam fazendo parte da família que hospeda. Tem cachorro que dorme na minha cama”, disse a pet sitter.

Na casa de Milena os cachorros maiores ficam no quintal e os pequenos dentro de casa. O Apolo foi um dos primeiros hospedes e, tempos depois, acabou ficando com ela. “O dono do Apolo, logo depois de deixa-lo hospedado em casa, recebeu um convite para morar fora do país e precisou doar o cachorro. Eu soube e acabei ficando com o cachorro”, disse Milena, ele é o nono cachorro da casa de uma família apaixonada pelos pets.

Milena e o cachorro Apolo que já foi hóspede e hoje é morador oficial da casa (Foto: Karina Godoy/G1)Milena e o cachorro Apolo que já foi hóspede e hoje é morador oficial da casa. (Foto: Karina Godoy/G1)

Milena diz que não viaja mais em feriados, mas vale muito a pena. “Deixei de viajar nos feriados para cuidar dos cachorros. Até porque eu tenho uma renda extra e posso ir em outro fim de semana qualquer que eu não tenha hóspede. Toda semana é um cachorro novo, uma família nova, são histórias novas e é sempre muito legal”, afirma Milena.

A babá de cachorros diz que o mais complicado é a hora de dar tchau. “A gente acaba se apegando porque eles são muito fofos. Cachorro é um amor gratuito porque eles não pedem nada”.

‘As vezes eu até choro na hora de me despedir’

Mariza paparicando o gatinho de Mônica (Foto: Karina Godoy/G1)Mariza paparicando o gatinho de Mônica (Foto: Karina Godoy/G1) A carioca Mônica Soares Dias Abdalla, 29 anos, trabalha em um banco e mora em sozinha em São Paulo. Ela resgatou das ruas o gatinho Jah para ter uma companhia na capital paulista. O apartamento com decoração alegre logo mostra quem manda ali. No canto da sala tem brinquedos, fonte que funciona como bebedouro para o gato e rede de proteção em todas as janelas para que o bichano não saia de casa. Mas logo veio a preocupação na hora de matar a saudade da família no Rio de Janeiro e quando começaram a surgir as viagens de trabalho. Onde deixar o Jah?
“No site encontrei a Mariza que cuida de gatos. Dai a gente marcou a primeira visita. Depois disso, toda vez que eu viajo ela fica com ele. Pra não mudar de ambiente, eu preciso que ela venha até a minha casa e cuide dele aqui, uma vez por dia, quando não estou”, explicou a bancária.

Os gatos têm um temperamento diferente em relação aos cachorros. Pra eles, sair de casa pode causar muito desconforto e, por isso, o dono prioriza que ele fique no mesmo ambiente. “Sempre que eu volto, minha casa está limpinha e ela cuida dele muito bem. Ele fica muito tranquilo e não sofre tanto”, disse Mônica.

Mariza Parizotto, 30 anos, é cantora e como trabalha no período da noite, descobriu que é possível cuidar dos gatos durante o dia. Logo que chega no apartamento de Mônica é recepcionada pelo gatinho Jah. “As vezes eu até choro na hora de me despedir. Do Jah é assim”, disse a pet sitter.

Mariza diz que gosta mais dos gatos e percebeu que no site tinha mais opções de anfitriões para hospedar cachorro do que gato. Por isso, resolveu se candidatar como pet sitter dos gatos e acabou virando uma segunda profissão.

“No começo eu ganhava bem pouquinho, porque não tinha muitas avaliações no site. Quando os donos dos gatos começaram a comentar mais no meu perfil, falando do meu trabalho, surgiram mais hospedes”, afirmou Mariza.

Mônica diz que é uma questão de confiança. “Claro que não é simples deixar a chave do seu apartamento com uma pessoa desconhecida, mas a Mariza cuida tão bem do gatinho e deixa tudo limpo que vale super à pena. O fato de ter um site, o perfil dela registrado lá com avaliações positivas, também dá mais segurança para quem procura este tipo de serviço. Viajo tranquila e ela me manda fotos e vídeos do meu Jah”, disse a bancária.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/02/sites-reunem-babas-de-pets-que-hospedam-animais-de-outras-pessoas.html

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